As famílias são todas diferentes e não existem regras ou receitas universais para lidar com as questões que vão surgindo no seio familiar, mas se olharmos para o nosso contexto familiar como um local seguro, onde podemos questionar, expor os nossos medos, inseguranças e ansiedades podemos crescer e desenvolver uma boa ponte de comunicação entre os diferentes elementos. A família pode ser um espaço de partilha até quando se trata de falar de sexualidade.
“Mas porque é que eu vou falar com o meu filho sobre sexo se ele não perguntou nada?”
Bem, em primeiro lugar, deixe-me dizer-lhe que é impossível fugir do assunto. Mesmo que o seu filho não fale de sexo ou sexualidade, isso não significa que ele/a não tenha dúvidas. Tenha em atenção que a falta de abertura em casa pode levar a que o seu filho vá à procura de informação em sítios ou pessoas menos indicadas.
Iniciar a conversa sobre a sexualidade não conduz a um início precoce da sexualidade. Pelo contrário, conversar de sexo ou sexualidade num contínuo, à medida que as dúvidas vão surgindo permitem que o adolescente tome decisões mais ponderadas e que o início da sua vida sexual seja mais consciente e com menores riscos.
Em segundo lugar, é preciso que os pais ou cuidadores entendam que o seu papel passa por acompanhar, ouvir e estar atento. Ouvir é mais importante do que falar. No fim de contas são os nossos adolescentes que decidem qual o caminho que querem seguir.
O respeito e a honestidade face aos sentimentos e dúvidas dos seus filhos são a chave para uma comunicação saudável - não se esqueça que as opiniões devem ser partilhadas e não impostas!
- “Então como posso abordar a discussão de temas relacionados com a sexualidade e sexo?”
Antes de mais nada, prepare-se e informe-se!
Tente-se informar mais sobre algumas questões mais específicas, como métodos contraceptivos, infecções sexualmente transmissíveis, leis e consentimento.
-“Como posso conduzir estas conversas de forma mais tranquila?”
Adote uma postura de aceitação e não julgamento;
Escute ativamente, apoie e valide os sentimentos do seu filho;
Dê-lhe espaço para expressar os seus sentimentos e ideias;
Tente que estes momentos sejam informais e naturais;
Não o pressione ou force-o a conversar sobre o tema;
Seja honesto sobre os seus próprios sentimentos, medos e preocupações;
Use os nomes adequados quando referir as diferentes partes e funções do corpo;
Partilhe informação correcta e adequada sempre que conseguir.
Não se esqueça que os nossos adolescentes estão expostos à sexualidade e ao sexo desde muito cedo- as redes sociais e a televisão são apenas um exemplo, daí ser importante perceber o que eles sabem realmente sobre sexualidade e sexo. É fundamental passar uma mensagem clara e objetiva sobre o tema.
-”Então quais são os tópicos essenciais que devo abordar?’”
Tente saber o que o seu adolescente já sabe -mostre-se interessado na visão que ele já tem sobre sexo e tente corrigir as informações que não estão corretas;
Tente encontrar os momentos certos para iniciar uma conversa - tente perceber quais são os momentos adequados no quotidiano para conversar sobre sexo e sexualidade;
Ressalve a importancia de sexo seguro - tente que o seu filho perceba quando e como usar os diferentes métodos contraceptivos;
Esteja aberto e disponível - esteja disponível a qualquer pergunta. Caso não saiba responder, procurem juntos a resposta, mostre-lhe como encontrar informação fidedigna e segura.
Fale sobre valores - Explore os seus sentimentos, valores, crenças e atitudes no que toca ao sexo. Explore o que sexo e sexualidade significa para eles;
Fale sobre relações - sexo é uma forma de nos relacionarmos com os outros, portanto, deve ter base o respeito, confiança e honestidade;
Sexo não é a única forma de mostrar afeto ou desejo - abraçar, beijar, dar as mãos são também formas de demonstrar o nosso afeto por outra pessoa;
Fale sobre consequências emocionais - aborde a questão do abuso sexual e da importancia do consentimento;
Reforce a importância do consentimento - as pessoas envolvidas na situação devem estar de acordo com o que está a acontecer e que podem parar ou mudar de ideias a qualquer momento;
Oiça atentamente - Tente compreender a pressão, os desafios e preocupações do seu adolescente antes de falar;
Não foque a conversa apenas num sentido - partilhe também as suas preocupações, tenha uma postura de abertura e discussão.
Não dê sermões - explique ao seu filho que quem toma as decisões relativamente à sua vida sexual será sempre ele. Explique-lhe o porquê desta discussão-
Não o assuste - uma conversa calma, aberta e ponderada é meio caminho andado para que o seu filho preste atenção à mensagem que está a tentar passar;
Se o seu filho já é sexualmente ativo - tente perceber se os seus comportamentos são seguros e encoraje-o a fazer um check-up sexual.
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