É provável que tenha sido confrontado ultimamente com várias notícias sobre os efeitos promissores das substâncias psicadélicas no tratamento de problemas de saúde mental. Depois das primeiras experiências na área da Psiquiatria, nos anos 50 e 60, seguidas de décadas de proibição - provocadas em parte pela reação contra a cultura hippie - os psicadélicos estão a passar por um renascimento. Uma nova vaga de investigação voltou a considerar as drogas alucinogénicas como potenciais candidatas ao tratamento de doenças psiquiátricas (Guardian, 2022), como a depressão, a perturbação de stress pós-traumático, a ansiedade, comportamentos aditivos, etc. O que são? Todos os psicadélicos produzem um estado alterado de consciência temporário, mas os investigadores acreditam que estas experiências podem gerar efeitos duradouros no tratamento da saúde mental. Há evidência científica de que o cérebro se torna mais flexível depois da toma de um psicadélico - como se fossem criadas novas vias de pensamento no cérebro. Estas drogas não são todas iguais e apresentam riscos. Uma qualidade que partilham é a capacidade de criar um estado alterado de consciência, normalmente designado por trip. O seu efeito pode, de facto, proporcionar uma sensação de uma nova perspetiva, mas, por outro lado, criar experiências aterradoras que duram a vida inteira. Por isso, os investigadores alertam para as condições que devem ser consideradas aquando da toma destas substâncias, para que estas experiências transformadoras sejam positivas. A maior parte da investigação em todo o mundo está a centrar-se em quatro substâncias em particular: psilocibina, quetamina, MDMA e LSD. Psilocibina A psilocibina é o químico ativo dos cogumelos mágicos, e o mais estudado dos psicadélicos. Pode ser encontrado em plantas e fungos. Atualmente, é o psicadélico mais próximo de ser integrado em terapia na área de saúde mental. Quetamina Sintetizada pela primeira vez em 1956, a quetamina, por vezes denominada Special K, é atualmente utilizada como anestésico por médicos veterinários e na área de medicina de emergência ou combate. MDMA Conhecida por ser uma droga utilizada em discotecas, também conhecida como ecstasy ou molly, a MDMA tem sido investigada há décadas pelos seus potenciais benefícios para a saúde mental. Cria frequentemente uma sensação de euforia e de ligação. LSD O LSD, também conhecido como ácido, é um químico sintético, feito a partir de uma substância encontrada na cravagem, um fungo que infeta o centeio (grão). Quando são tomadas pequenas doses, pode produzir alterações ligeiras da perceção, do humor e do pensamento. Doses mais elevadas podem produzir alucinações visuais e distorções do espaço e do tempo. Como atuam sobre a química do cérebro? As drogas psicadélicas clássicas atuam no cérebro através da ligação a receptores específicos da serotonina. Pensa-se que a sua ação sobre estes recetores provoca os efeitos alucinogénicos, bem como alterações da perceção e uma sensação de dissolução do ego. Pensa-se também que os psicadélicos atenuam a "rede de modo predefinido" (default mode network), um sistema de regiões cerebrais interligadas que está ativo em momentos de repouso, e de vigília - como sonhar acordado. Pensa-se que esta região é importante para a formulação do sentido do eu e pode tornar-se demasiado rígida quando as pessoas sofrem de ansiedade e depressão (Guardian, 2022). Impacto na saúde mental Aparentemente, ao estimular o crescimento de novas ligações entre os neurónios no cérebro, a psilocibina e o MDMA mostram-se promissores como formas de intervir na depressão resistente e no tratamento de perturbação de stress pós-traumático.
A intervenção psicadélica deve ser combinada com psicoterapia, sendo estas as diretrizes seguidas na maioria dos projetos de investigação, bem como nas instituições de saúde que já oferecem este serviço. Aqui, nos Países Baixos, há muitos locais que têm intervenções psicadélicas certificadas:
https://www.synthesisretreat.com/ https://www.essence.nl/ https://psychedelicinsights.com/ É importante notar que, tal como qualquer outra substância (como acontece com os antidepressivos, por exemplo), estes medicamentos não serão uma solução milagrosa que funcionará para toda a gente. No entanto, mostram potencial para melhorar a qualidade de vida de quem as utiliza, contribuindo para uma perspetiva positiva da ciência - algo pela qual podemos sentir positividade e esperança! Se tiver curiosidade em saber mais sobre este tema, consulte o website do Centro John Hopkins:
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