Perda de emprego, aumento da inflação, aumento do custo de vida. Todos estes fatores têm tido um peso ainda maior para a saúde das pessoas, mas nem sempre as pessoas percebem esta associação. Saúde mental e saúde financeira andam de mãos dadas.
Com o aumento da inflação, muitas pessoas preocupam-se diariamente em poder pagar casa, alimentação, energia/aquecimento e cuidados de saúde para si e para a sua família. De acordo com o professor Klontz (Heider College of Business da Universidade Creighton - EUA) as pessoas experienciam sofrimento psicológico, individual e coletivo, quando um passam por uma recessão económica. Individualmente, a preocupação financeira está associada a depressão, ansiedade e problemas interpessoais. Coletivamente, ter conhecimento de que pessoas do seu grupo de amigos e colegas, da sua comunidade, estão desempregados ou em vias de estar, têm dificuldades em pagar as contas ou modificam o seu estilo de vida para conter as perdas financeiras, tem impacto negativo para todos. Mesmo que essa pessoa não esteja com problemas financeiros diretamente.
Quando pensamos em expatriados, uma crise financeira e limitações económicas decorrentes, podem ter um impacto maior. Em muitos casos, o motivo de ir viver para outro país são os benefícios financeiros. Quando esses benefícios estão em risco, a escolha de vida, de morar noutro país, também pode causar sofrimento.
Não deixe que as finanças interfiram na sua saúde mental.
É importante saber que passar por uma crise e recuperar dela depende da resolução de problemas e cuidados com os efeitos emocionais desta. Há várias medidas financeiras que podem ajudá-lo a passar por uma crise económica e manter-se seguro financeiramente. Aqui, gostaria de deixar ideias para que cuide do seu lado emocional, para que mantenha a sua mente e emoções saudáveis, apesar da crise:
Procure pensar que este é um cenário passageiro. Crises vêm e vão, manter a confiança de que esta crise também irá passar e que irá conseguir geri-la é importante.
Não deixe que este problema tome conta da sua vida pessoal e familiar. A vida continua a acontecer para além das dificuldades financeiras. Trazer para o quotidiano outros assuntos que vão além deste problema ajuda a melhorar o seu humor, fortalecer o sentimento de segurança e confiança.
Não se isole. Esconder uma má situação financeira das outras pessoas é a pior coisa que pode fazer. Não precisa de se expor ou explicar muito acerca da sua vida, mas procure conversar com amigos e familiares com os quais se sinta seguro e que saiba que irão entender como se sente.
Aceite a sua situação – por enquanto. Precisa de aceitar primeiro a maneira como as coisas são antes de poder mudá-las. Respeite a sua história, deite fora crenças antigas e limitantes, e mantenha a mente aberta para novas perspectivas.
Fale sobre finanças. Antes recomendei que a crise financeira não fosse um tema da vida familiar, mas é importante reconhecer que o assunto não pode ser esquecido. Individualmente, pode fazer uma reflexão para saber como realmente está financeira e emocionalmente. Se para além de si, a sua família também sente este impacto, é importante que todos tenham conhecimento sobre a realidade que estão a viver e como podem superá-la.
Não se culpe. Quando os tempos ficam difíceis, temos uma tendência para nos posicionar como críticos muito severos de nós mesmos. O que aconteceu está no passado, não é possível alterar, mas, por pior que tenha sido o erro, ninguém deve levá-lo consigo para sempre.
Concentre-se no que pode controlar acerca das finanças. Observe o seu orçamento. Planeie um esquema de ação, dentro do que realmente pode estar no seu controlo.
Evite consumir drogas e álcool. Se está sob pressão financeira, provavelmente está a atravessar momentos de ansiedade e a experienciar sintomas físicos e mentais de stress - por exemplo, tensão muscular, dores de cabeça, irritabilidade e refluxo. Às vezes nem reconhecemos que esses sintomas físicos são causados por questões emocionais. O uso de álcool e outras drogas, nessas situações, intensifica os danos para a sua saúde mental, principalmente aqueles relacionados com dificuldades nas relações interpessoais.
Assim como outros problemas, as dificuldades financeiras podem aparecer a qualquer momento e abalar as nossas vidas de formas impensáveis. Assim, o autocuidado deve ser um esforço contínuo. Quando o nosso bem-estar permanece como foco, conseguimos passar por momentos difíceis com considerável facilidade, uma vez que nos esforçamos para cuidar de nós em todas as ocasiões.
Não precisa de enfrentar essa carga emocional sozinho. Conversar com um profissional de saúde mental para processar o stress financeiro atual ou qualquer sofrimento relacionado finanças, no futuro, pode ajudar.
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