“Vou ao psicólogo para quê? Isto agora são manias, a mania da depressão, a mania da ansiedade”. “Antigamente não havia depressões”.
Estas afirmações são-lhe familiares?
Em primeiro lugar, importa referir que a saúde mental não muda consoante a moda e as “manias” do momento. Além disso, o antigamente está no antigamente, o presente é o agora, e os desafios e fatores de stress do “antigamente” são muito diferentes dos atuais. Os desenvolvimentos científicos e tecnológicos transformaram a realidade e, por isso, cabe a nós encontrarmos novas respostas para melhor viver no mundo de hoje. Mas porque será que ainda existe tanta resistência em dar atenção ao corpo e à mente? Poderá, de alguma forma, estar relacionada com o medo de encontrar dificuldades, físicas ou psicológicas, e não ter recursos para lidar com elas? O que leva a maioria das pessoas a não adotar comportamentos preventivos e a procurar ajuda apenas quando experiencia sintomas ou doença?
Efetivamente, no campo da saúde física, é comum falar-se sobre a prevenção de doença (e.g., se limitarmos a exposição a raios UV, prevenimos o possível desenvolvimento de cancro de pele; a adoção de um estilo de vida saudável, caracterizado por uma alimentação equilibrada e atividade física, previne o desenvolvimento de doenças cardiovasculares). De um modo geral, e de acordo com Martin e Carbone (Prevention United) a prevenção passa por encontrar o equilíbrio entre os fatores de risco e de proteção ligados a cada condição de saúde.
E no campo da saúde mental, funciona da mesma forma?
Sim, em princípio. No entanto, deverá ser considerada a origem multifatorial das perturbações mentais, nomeadamente fatores biológicos, psicológicos, sociais e económicos, devendo todos ser considerados numa abordagem preventiva.
Ainda que não possa ser evitado o desenvolvimento de toda a perturbação mental, a investigação científica tem demonstrado que é possível evitar o desenvolvimento de perturbações de humor, de comportamento, esquizofrenia, quer em quem não apresenta sintomas, como em quem apresenta níveis reduzidos de sintomatologia. Por exemplo, a prática de atividade física regular, a adoção de uma alimentação equilibrada, uma boa higiene de sono, contribuem para a prevenção da depressão e ansiedade. A avaliação e acompanhamento psicológicos têm também sido associados à prevenção de perturbações mentais, nomeadamente, através da Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia da Aceitação e Compromisso, Terapia Dialética, entre outras abordagens. Tanto a psicoeducação, como o ensinamento de técnicas baseadas em terapias empiricamente validadas, são eficazes em prevenir perturbação mental e sofrimento psicológico e emocional.
Esta avaliação e intervenção não só é eficaz a nível individual, como familiar, escolar, profissional, social, por exemplo, através da promoção de competências parentais positivas, resolução de conflitos familiares, treino comportamental, desenvolvimento de programas de intervenção em contexto profissional, desenvolvimento de programas de integração social.
Como é que a Mental Health Clinic contribui para a prevenção em saúde mental? Através da disponibilização de rastreios psicológicos gratuitos, onde poderá esclarecer todas as suas dúvidas e questões acerca do processo de acompanhamento psicológico e a necessidade de o solicitar. Neste rastreio é realizado um breve despiste (baseado numa pequena entrevista clínica e instrumentos de avaliação válidos e adequados à sua idade) de dificuldades/perturbações do foro psicológico.
Mantenha-se informado, faça rastreios sempre que possível, esteja atento à sua saúde. “A prevenção é melhor do que a cura”.
Referências:
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