Eu, você e vários outros pais e mães imigrantes, em algum momento, nos questionamos se a nossa escolha de trazer/ter filhos noutro país os beneficiará a longo prazo.
Não é uma questão simples e torna-se importante - para a saúde mental das mães e pais - aceitar essa dúvida, refletir sobre ela e construir estratégias para gerir esses pensamentos e emoções no processo de imigração.
Para pensarmos juntos, listei abaixo 4 angústias que mães e pais expatriados vivem, e também estratégias para lidar com elas de uma forma positiva.
O relacionamento com a família no país de origem é diferente
Morar longe muda a natureza do relacionamento dos filhos com as nossas famílias. As interações presenciais são pouco frequentes, mas também podem ser muito intensas quando acontecem. A preocupação mais comum é a de que os nossos filhos estejam a perder por não terem o envolvimento nas suas vidas de outros adultos que os amam incondicionalmente e por terem menos relacionamentos de quase-irmãos com primos.
O que pode fazer:
Encorajar ao máximo a interação possível entre a família (avós, tios, primos) em chamadas de vídeo, troca de mensagens, áudios.
Estimular a aprendizagem do idioma do país de origem do pai/mãe para conseguir comunicar-se sem intermediário com os parentes.
Eles estão constantemente a despedir-se
É uma das duras realidades da vida do imigrante, quer crianças, quer adultos – eventualmente estamos nos a despedir. Uma preocupação é a de se às vezes eles não se aprofundarem em relacionamentos de amizade, com parentes ou com pessoas do nosso país de origem, para minimizar a dor quando estas amizades são alteradas pela distância.
O que pode fazer:
Encorajá-los a manter esse contato com amigos que se mudaram, empenhe-se quando possível para encontrar amigos e familiares que estejam mais próximos.
Eles terão raízes em dois mundos
Os seus filhos terão uma experiência de infância/adolescência bem diferente da sua. Crescer num ambiente internacional, ou seja, viver uma ou mais culturas dentro de casa que é diferente da cultura do país em que se vive, traz oportunidades mas também desafios, inclusive para as crianças. Desde o bilinguismo, a adaptação ao ambiente social, as demandas escolares, etc..
O que pode fazer:
Preparar-se emocionalmente para isso, mostrando que essas diferenças existem e que está tudo bem. Como família eles terão o seu apoio para vivê-las.
Eles não têm senso de pertença
Às vezes os filhos têm passaporte de dois países, mas nunca viveram em nenhum deles. A conexão com a sua identidade pode ser difusa, sentindo-se parte de nenhum lugar. Na adolescência, quando um sentimento de pertença e encaixe se torna cada vez mais importante, as dúvidas sobre isso podem aumentar.
O que pode fazer:
Consciencializá-los sobre a realidade da sua família: como se sentem em ser uma família intercultural, ou uma família de uma nacionalidade vivendo noutra cultura. Fortalecer a abertura à diversidade cultural, valorizando essa particularidade da vossa história.
No final das contas, não somos diferentes da maioria dos pais ao redor do mundo; imigrantes, expatriados ou não. Estamos a tentar tomar as melhores decisões para os nossos filhos com os recursos que estão disponíveis para nós. A experiência dos nossos filhos é o que é e nada jamais mudará isso. Por isso, estamos focados em ajudá-los a entender o que isso significa para eles, para que possam tirar proveito dos seus pontos fortes únicos, e para que tenham estratégias para lidar com as desvantagens associadas.
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