A fibromialgia é um distúrbio caracterizado por sensibilidade e dor crónica em várias partes do corpo, sem melhoria há mais de três meses.
As zonas do corpo onde a dor é mais prevalente são: coluna cervical, dorsal, lombar, joelhos, nuca, cotovelos e glúteos. O paciente também poderá apresentar dormência nos pés e nas mãos, além de poder experienciar insónia (decorrente das dores), fadiga, ansiedade e depressão.
A fibromialgia é mais prevalente no género feminino que no masculino, sendo as idades compreendidas entre os 30 e os 60 anos, as mais propensas para o desenvolvimento desta condição de saúde, apesar de esta se poder manifestar noutras idades.
Embora a literatura médica sobre fibromialgia seja extensa, é ainda desconhecida a sua causa exata. A hipótese mais comummente aceite está relacionada com stress psicológico. Assim, e uma vez que causas orgânicas são difíceis de definir, o mais provável é que a fibromialgia consita numa síndrome de somatização.
Quais os sintomas da fibromialgia?
São vários os sintomas da fibromialgia, manifestando-se de forma semelhante em todas as pessoas diagnosticadas com esta condição.
Para além da dor generalizada em todo o corpo, os sintomas mais relatados consistem em cansaço extremo (principalmente ao acordar), insónia, dificuldade de concentração, enxaquecas frequentes, dores abdominais, dormência e formigueiro nas extremidades das mãos e pés, podendo variar entre as pessoas que sofrem desta condição.
Não existe um exame específico que permita a identificação da fibromialgia; geralmente são realizados exames laboratoriais e de imagiologia para que possam ser excluídas outras hipóteses de diagnóstico. Depois de excluído qualquer outro diagnóstico, o médico (e.g., reumatologista, neurologista ou ortopedista), realiza, geralmente, um exame chamado tender points, no qual são pressionados alguns pontos específicos pelo corpo, de forma a avaliar a sensibilidade nesses pontos. Habitualmente, em pessoas que não sofrem de fibromialgia, esses pontos não doem se forem pressionados. Quem sofre desta condição, manifesta muita dor.
Quais as causas da fibromialgia?
Em primeiro lugar, importa referir que a fibromialgia consiste numa patologia bastante subjetiva, tanto em relação aos seus sintomas quanto às suas causas. A medicina ainda não conhece o mecanismo que desencadeia as dores que caracterizam esta condição, mas está comprovado que o fator emocional desempenha um papel de extrema importância.
A literatura científica tem demonstrado, cada vez mais, a forte relação entre o mundo físico e o psíquico, no que respeita à saúde e à doença. Durante toda a vida, as pessoas são confrontadas com diversos cenários e situações, potencialmente traumáticas e causadoras de angústia. O que acontece, muitas vezes, e com o intuito de não se experienciar sofrimento, é que essas informações são armazenadas — recalcadas — no inconsciente, de forma a que aquela imagem/cenário/situação não esteja presente na lembrança da pessoa. Uma vez que essas lembranças recalcadas consistem em pura energia, ficam a aguardar o momento para poderem retornar ao consciente. É nesse momento que se experiencia o sintoma — a dor. Por outras palavras, quando surge um gatilho (e.g., imagem parecida com o cenário experienciado, ou um flash de lembrança), o acontecimento anteriormente censurado retorna, sendo exteriorizado no corpo em forma de doença.
Por exemplo, pessoas que sofreram carência afetiva na infância têm uma forte predisposição para apresentar diversas doenças psicossomáticas, entre elas a fibromialgia, podendo denominar-se uma “doença da alma.”
Outra causa para a dor crónica que caracteriza a fibromialgia, está associada ao perfecionismo. Pessoas perfeccionistas, preocupadas com o sucesso, beleza, posição social e status financeiro tendem a experienciar, mais facilmente, dor crónica. A cobrança diária, para além de ser uma das causas da depressão e ansiedade generalizada, pode também ser uma das causas da fibromialgia. A pessoa não suporta a pressão que impõe nela mesma e acaba por ficar doente.
Também pessoas ciumentas, com dificuldade em manter um equilíbrio emocional nas suas relações, que habitualmente têm os seus cuidados muito direcionados ao parceiro, são fortes candidatas a desenvolver problemas emocionais sérios. Estas pessoas são as que deixam de viver as suas vidas para verificar de perto o que o outro está a fazer ou a pensar. Ora, todo o stress que se instala numa relação deste tipo pode ser convertido numa doença física.
Por fim, pessoas com elevada dificuldade em lidar com perdas amorosas e luto têm também forte probabilidade de adoecer psiquicamente, dada a sua fragilidade emocional.
Ou seja, de um modo geral, o ambiente em que a pessoa vive precisa de ser saudável, para que permita uma boa formação do seu aparelho psíquico. A causa dos sintomas presentes na fibromialgia pode estar no inconsciente e o corpo utiliza a doença como forma de externalizar a sua dor.
Quais os tratamentos mais indicados?
Em primeiro lugar, é essencial que a pessoa que sofre de fibromialgia tenha em mente que a ajuda terapêutica de um psicólogo ou psicanalista é imprescindível. Talvez essa ajuda devesse ter ocorrido nutra etapa da vida, assim que a pessoa apresente desajustamentos psicológicos. Desta forma, a fibromialgia, tal como qualquer outra doença de origem psicossomática, pode ser evitada.
Contudo, o que acontece, geralmente, é que a procura de um profissional de saúde mental vem depois de ser procurada ajuda com vários médicos. É importante referir que um profissional de saúde mental pode auxiliar na reestruturação do equilíbrio psíquico da pessoa e, assim, mitigar a sua dor através da compreensão das suas causas. É também importante o acompanhamento fisioterapêutico - com a inclusão de exercícios aeróbicos de baixo impacto para melhorar o condicionamento físico. Tudo isso ajudará a promover a estimulação de serotonina no organismo. Por fim, exercícios de relaxamento e uma reeducação alimentar também são indicados. O médico, geralmente um reumatologista, deverá acompanhar o paciente ao longo do tempo, para além de prescrever medicação para diminuir os seus sintomas.
Não há motivo para desespero! Diariamente, muitas pessoas são diagnosticadas com esta síndrome e conseguem vivenciar uma vida normal. São apenas necessários alguns ajustes na sua rotina.
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