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Foto do escritorAndreia Martins

O Massacre da Ceia de Natal


Ah, o Natal…

Que época tão cheia de luz, de união, dedicada à família… enfim, tão feliz por todas estas coisas… Ou será que não?

A tão esperada ceia de Natal, a comida na mesa, todas as pessoas reunidas à espera do momento de sentar e apreciar, não só a extensa ementa como a companhia dos outros, as conversas, as partilhas. Tão bom!... Mas será tudo assim tão bom mesmo?


Para muitas pessoas, todo o mês de Dezembro e a própria ceia de Natal é na verdade uma altura triste, amarga, ou apenas algo agridoce pelas mais variadas razões.. Algumas Pessoas podem até ver o Natal como uma época habitualmente muito feliz, mas finalizado o grande dia, acabam com um sabor metálico na boca ou um desconforto que não conseguem descrever por palavras, ou tensão no corpo e um cansaço inexplicável (afinal, foi um dia inteiro em casa sem trabalhar!). Será que você é uma delas?


Talvez tenha o hábito de ter que se preparar mentalmente para o que irá encontrar na ceia de Natal. Ou quem irá encontrar. Talvez tenha que se convencer a si mesmo que correrá tudo bem, que não há inconveniência nenhuma num jantar de família, que não faz sentido sentir esta ansiedade. No entanto, ela está lá e não consegue sacudir a sensação de desconforto mesmo tentando dizer a si mesmo(a) palavras de conforto.


A que se deverão estes sentimentos e sensações? O que estará o seu corpo a tentar dizer-lhe?


Chegou a hora. Já existe alguma comoção pela casa, algumas pessoas ocupadas a pôr a mesa, outras à volta do fogão, e existe confusão, conversas, música criada pelos barulhos de talheres e vozes sobrepostas...


É altura de cumprimentar toda a gente. Dois beijinhos ou três beijinhos ou um aperto de mão ou um abraço? Ou todas as opções anteriores? Tarde demais para pensar, terá que perceber no momento e aí vem o tio José…

  • (Inserir o próprio nome)! Como estás? Há quanto tempo! Estás mais gordinho/a! O que andas a comer lá por onde andas? Tens que cuidar mais de ti! Olha que assim quando chegares à minha idade, não estarás como eu. E o trabalho/escola (riscar o que não interessa)? Estás-te a sair bem? Devias pensar mais na tua carreira! Para quando a compra da casa? E também já estás bem a tempo de casar e pensar em ter filhos. Olha que depois arrependes-te quando perceberes que queres e já é tarde demais, que o corpo já não aguenta. Sabes que… … … (reticências intermináveis que representam o monólogo interminável do familiar detestável correspondente ao seu caso)


Atenção que o familiar pode ser apenas “detestável” por estar a elencar um discurso potencialmente detestável. O que dificulta a identificação destas situações ativadoras (no sentido em que criam uma reação emocional forte) e a sua compreensão é precisamente o seu carácter cinzento e não “preto no branco”.

Note que no discurso estão assinalados a negrito as palavras ou grupos de palavras que indicam alguma obrigatoriedade, regra, previsão de sentimento, ou ideia de como a vida DEVE ser vivida.


O problema não é estas ideias existirem ou até o facto do nosso familiar querer que sigamos o que ele(a) acha que é o melhor para nós. O problema reside em quaisquer outras formas de viver a vida não sejam aceites ou até abertamente faladas e partilhadas. Que não se fale sobre diversas formas de viver o amor. Diferentes tipos de famílias e diferentes tipos de amor também. Ou até que os timings de cada pessoa para vivenciar algumas etapas de vida “normais” (porque a maioria assim as segue) possam ser diferentes.

O problema está em você mesmo não falar dessas alternativas. O problema está em responder de acordo com o que os outros querem ouvir. O problema está em sentir-se confuso/a, hipócrita e culpado/a mais tarde. E sentir que passou a noite a fingir.


Noutro cenário possível,Talvez o seu “familiar detestável” tenha um discurso diferente ou nem precise de falar para lhe causar ansiedade. Talvez seja um gatilho para memórias passadas, para situações de negligência, de dor, de violência psicológica ou física. Talvez só a presença de uma pessoa, ou mesmo o ambiente daquela casa, ou algum objeto em particular à vista consiga trazer tantas imagens à sua cabeça… E palavras dolorosas.

Se é “vítima” deste cenário, provavelmente necessitará de alguma forma de terapia para que consiga saber o que esperar, com o que contar e ACEITAR que é assim mesmo.



Descubra e entenda os seus GATILHOS NATALÍCIOS. Com as suas expectativas e a dos seus familiares alinhadas, pode ser que desfrutem juntos de uma ceia de Natal e uma noite bem quentinha emocionalmente. :)


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