Género, identidade de género, sexo, e processo de construção de identidade sexual e de género são conceitos cada vez mais presentes nas nossas vidas. Mas nem sempre temos uma visão clara e correta do tema em si. E, porque a defesa da liberdade, da igualdade e da aceitação começa em cada um de nós, é necessário procurar informação em fontes fidedignas.
Aqui fica um pequeno vislumbre sobre esta temática, que tem como principal objetivo promover uma reflexão livre de pré-conceitos, e de nos libertarmos de ideias e palavras que podem ser barreiras à Liberdade Individual.
O Sexo (vulgarmente conhecido por sexo biológico) é atribuído na altura do nascimento, através da observação dos órgãos genitais do/a bebé. Em função da anatomia, ou forma dos genitais (pénis e testículos ou vulva, ou formas mais ambíguas), atribui-se de imediato um género (masculino ou feminino), tornando sexo e género categorias equivalentes.
O Género (habitualmente conhecido por sexo cultural ou social) é uma construção social decorrente das expectativas criadas em torno da pertença sexual. Assim, ser do sexo feminino ou ser do sexo masculino parece pressupor, do ponto de vista social, uma associação a um determinado conjunto de características, papéis e normas pré-determinadas. Por ser uma construção social, o género varia de cultura para cultura.
Os Papéis de Género constituem os papéis, comportamentos, atividades e outros atributos que são socialmente construídos numa determinada sociedade e que são entendidos como femininos, masculinos, ou andrógenos.
A Expressão de Género é qualquer forma de expressão através da qual cada um/a manifesta a sua pertença de género, por exemplo, através da sua estética (e.g., vestuário, penteado, barba) ou da linguagem que usa para se referir a si próprio/a (e.g., pronomes e nomes).
A Identidade de Género refere-se ao autorreconhecimento pessoal e profundo enquanto homem ou mulher, enquanto ambos, ou enquanto trans. É ainda possível que não exista identificação com nenhum género.
A Orientação Sexual é uma componente da identidade, referindo-se ao que cada pessoa pensa e sente sobre si própria e sobre a sua sexualidade, e por quem se sente atração afetiva e sexual.
A Disforia de Género: segundo a DSM-5 (Associação Americana de Psiquiatria), é a sensação de que o corpo (sexo biológico) não corresponde ao género. Ou seja, o sujeito, com um corpo masculino não se sente do sexo masculino, ou, tendo um corpo feminino, não se sente do sexo feminino: tal implica um desconforto persistente com o sexo de nascimento e o sentimento de inadequação ao papel social que lhe corresponde, provocando angústia e desconforto pessoal e social, com o desejo persistente de mudança de corpo (transsexualidade). Até os anos 70 o DSM considerava a disforia sexual como uma psicopatologia grave, designada por perturbação da identidade de género. Mas o DSM-5 despatologizou a disforia de género, reconhecendo ser uma possível identidade de grupos minoritários, focando-se assim numa postura mais respeitadora dos direitos fundamentais e promovendo a inclusão.
Transexuais: “identidade de género ‘oposta’ aquela que é tipicamente associada ao sexo biológico, sendo que estas pessoas, na sua maioria, desejam adequar os seus corpos à sua identidade de género através de intervenções hormonais e cirúrgicas ou outras”.
Cisgénero: indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu.
Embora a disforia de género não seja uma perturbação de saúde mental, ela é caracterizada por uma angústia clinicamente significativa. As pessoas com disforia de género têm frequentemente um funcionamento social e profissional prejudicado devido à marcada diferença entre o seu género expresso e o seu género à nascença. Como indivíduos transgéneros, existe uma forte convicção de que os seus sentimentos e acções são típicos do género oposto, e desejam viver e ser percebidos como esse género.
A disforia de género nas crianças pode ser pautada pela verbalização repetida do seu desejo de ser o outro género, bem como por comportamentos que indicam uma forte preferência por ser/se identificar com o outro género, tais como papéis transversais persistentes em jogos de faz-de-conta ou um profundo desgosto pela sua anatomia sexual. Tanto nas crianças como nos adultos, os sentimentos de disforia devem continuar durante pelo menos seis meses para que se possa fazer um diagnóstico.
Para os adolescentes com disforia de género, há provas clínicas consideráveis de que frequentemente interfere com a adaptação social geral, incluindo perturbações psiquiátricas gerais como depressão ou ansiedade, as relações familiares podem ser conflituosas, e correm um risco maior de consumo de substâncias e abandono da escola.
Cabe-nos a nós nos mantermos informados, e fugirmos de ideais pré-concebidas que podem fomentar uma postura de não aceitação e não validação. O direito à igualdade é um direito fundamental do Ser Humano, independentemente do nosso género, raça, orientação sexual ou religião. Fomente um espírito de compaixão e aceitação pelo outro.
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