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Foto do escritorMélisa Martins

De Princesa a Guerreira

Atualizado: 2 de mar. de 2022


O nosso mundo é construído através de fantasias. É através da fantasia que as crianças (e adultos) crescem e desenvolvem as suas expectativas, e muitas destas fantasias são alimentadas a partir dos contos de fadas, das histórias de princesas e príncipes que crescemos a ouvir. E nada melhor do que olharmos para o universo da Disney, mais especificamente para o universo das Princesas.


Os contos de fadas agem como uma ponte entre o real e o imaginário, uma vez que apresentam o dinamismo de diferentes culturas e representam a estrutura da realidade social. As histórias que contamos às crianças vão integrar o seu imaginário e vão ajudá-las a entender melhor como o Mundo funciona.


Enquanto mulher nascida nos anos 90, a representação das Mulheres da Disney teve um grande peso na forma como construía e idealizava o papel da mulher e, por consequência, as expectativas dos outros em relação a mim, e de mim perante os outros.

Com o passar das décadas, o modo como a mulher é retratada foi-se modificando - a mulher deixa de ser uma princesa submissa, à espera do seu príncipe encantado para ser uma guerreira, com voz ativa e força.


Até 1991, a mulher/menina que nos era apresentada nos filmes da Disney (e não só) era o da princesa que sonhava com uma vida melhor, com o príncipe encantado que a ajudaria a atingir o futuro que desejava. Reparem na Cinderela que estava condenada a uma vida a cuidar da Madrasta e das irmãs, ou da Branca de Neve que mesmo tendo escapado, ficou a viver com os sete anões, tornando-se a cuidadora deles, e do lar que partilhavam. O que é que isto nos mostra? - que o papel que a mulher deveria assumir era o de cuidadora do lar e da família, ser subordinada e dependente do homem.


A primeira grande mudança aparece com Bela, em 1991. Bela surge como uma mulher interessada, curiosa, com gosto pela leitura. É, também no filme a Bela e o Monstro, que a princesa passa a ter um papel ativo, isto é, ela não está à espera de ser salva pelo seu príncipe, ela orienta o seu próprio destino. E, pela primeira vez, é o Monstro que precisa do amor dela para ser salvo. E, atenção, ela apaixonou-se por um monstro, longe de ser o príncipe perfeito e encantado.


E Bela foi só a primeira desta nova geração de Princesas Guerreiras: Mulan, Pocahontas, Tiana (A Princesa e o Sapo), Merida (Indomável) e tantas outras. É esta nova geração de Princesa Guerreira que mostra às crianças da atualidade que o papel da Mulher é aquele que ela quiser: que também ela pode tomar decisões, ser forte, corajosa, lutar pelos seus interesses e, acima de tudo, ser independente e se salvar a si mesma. As princesas transformam-se em guerreiras, que quebram o tradicional padrão, param de sonhar com um amor verdadeiro para as salvar e começam a viver as suas próprias vidas.


A evolução do papel da Mulher nos filmes de animação e nos contos de fadas é fundamental para o desenvolvimento das nossas crianças. Porquê? Porque torna mais fácil a nossa identificação com elas, porque vivemos numa sociedade que deseja e luta pela igualdade de género e de oportunidades. Através destas figuras dos contos de fadas, as crianças constroem um cenário no qual estão inseridas e, por consequência, edificam também o seu papel social, interpretando-o de acordo com o comportamento que mais lhes chama a atenção. Portanto, as diferentes personagens, neste caso as princesas, servem como exemplos dos diferentes papéis que podemos assumir.


Podemos observar que a cada novo filme, a cada nova Princesa que vai surgindo nos nossos ecrãs, que o seu comportamento se vai modificando e existe uma evolução clara da imagem feminina, consequência da fluidez e da modernidade. As nossas princesas retratam o modo como vemos a mulher na atualidade - uma Mulher-Princesa-Guerreira, capaz de lutar pelo seu destino, de ser independente e autónoma.


E quem é que não quer ser ou estar perto de uma Mulher-Princesa-Guerreira? Eu sei que quero!



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