Brincar durante a infância é crucial para o desenvolvimento humano e tem um impacto profundo na construção do pensamento da própria criança e, portanto, tem de ser uma parte integrante do universo das nossas crianças.
A criança, ao brincar, expressa a sua linguagem por meio de gestos e atitudes, as quais estão repletas de significados, visto que ela investe sua afetividade nessa atividade. É, também, uma forma de expor os medos, as angústias e os problemas que a criança enfrenta. Assim, o brincar deve ser encarado como algo sério e fundamental para o desenvolvimento infantil.
A relação entre o jogo/brincar e a educação não é discutida apenas no presente. Estes sempre marcaram presença nas diferentes épocas e foram objeto de estudo ao longo dos tempos, o que nos permite hoje compreender melhor os aspectos históricos do brincar.
Entre os egípcios, romanos e maias, os jogos eram usados para transmissão de conhecimentos e valores, das gerações mais antigas para as gerações mais novas.
Já no século XX, pesquisadores debruçaram-se sobre este tema, como Vygotsky e Piaget. Vygotsky considerava a brincadeira como resultado das influências sociais que a criança vai recebendo através do contato com o meio envolvente e Piaget via os jogos como meio para o desenvolvimento intelectual. À medida que a criança cresce, os jogos tornam-se mais significativos e vão se transformando em construções adaptadas.
O conceito de brincar está internamente relacionado com a diversão, a exploração, a imaginação, a aprendizagem e a criatividade. As crianças quando brincam, representam o mundo à sua volta, imitam situações do dia-a-dia, reinventam momentos que tenham vivenciado e ainda constroem situações através da sua imaginação.
Quando a criança brinca ganha consciência de si, dos outros e do mundo que a rodeia.
A brincadeira está presente e acompanha o crescimento das crianças:
- Os bebés descobrem e conhecem o seu próprio corpo através de brincadeiras com os seus cuidadores. Começam a manipular objetos e a descobrir sensações.
- Entre os 12 e os 36 meses, as crianças demonstram interesse por jogos de encaixe e de construção e iniciam, também, os jogos de faz-de-conta e começam a interagir com outras crianças, ainda que a maioria das vezes brinquem apenas lado a lado.
- Por volta dos 36 meses, as crianças já começam a brincar e a interagir com os outros diretamente, podendo também surgir conflitos – estão a descobrir os seus limites e os dos outros. Nesta idade, preferem brincar com um ou dois amiguinhos do que com o grupo todo, desenvolvendo simultaneamente mais autonomia.
- Na idade pré-escolar (entre os 4 e os 5 anos) as crianças começam a criar brincadeiras e jogos de uma forma mais organizada e mais cooperativa, isto é, brincam em grupo e conseguem-se organizar entre si, cada um desempenhando um papel.
Podemos então dizer que o brincar é uma atividade que contribui positivamente para o desenvolvimento da criança, seja ele: linguístico, social, cognitivo, motor, físico, sensorial e afetivo.
Ainda não está convencido? Então apresento-lhe, pelo menos, onze motivos para estimular o/a seu filho(a) a brincar:
Estimula a criatividade e a imaginação
Permite um melhor autoconhecimento
Ensina a negociar
Auxilia o sistema imunitário
Melhora a saúde mental
Ensina a incorporar regras
Desenvolve o raciocínio
Estimula a atenção
Promove a interação social
Ensina a lidar com a frustração
Aumenta a capacidade de trabalhar em equipa.
Então, agora que já temos uma série de motivos para nos sentarmos e brincarmos com as nossas crianças, não tem ideia do que fazer? Aqui vão algumas ideias:
Brincar ao faz de conta – quem não gosta de um chá imaginário às 10h da manhã?
Jogos de tabuleiro - Muitas vezes, as relíquias que guardamos da infância, como os jogos de tabuleiro – o Monopólio, o Jogo da Glória, o Cluedo ou o Trivial Pursuit –, podem voltar a ser utilizados..
Experiências científicas - Em casa temos muitos ingredientes e materiais para fazer experiências científicas com as crianças. Há atividades simples com a água ou a luz, ou mesmo experiências para perceber conceitos como hereditariedade e genes.
Clube de leitura
Trabalhos manuais - Certamente tem em casa caixas com lápis de cor, cartolinas, cola, etc. Pode até recorrer aos materiais que tinham como destino a reciclagem: embalagens, copos de iogurte ou caixas de ovos. Tudo pode ser precioso na hora de despertar a criatividade. Pense em alguns desafios: criar uma escultura, material para a secretária, marcadores de livros.
Porque não fazer origamis? Procure tutoriais na internet!
Construa um teatro - Criar um teatro pode ser tão simples como pegar numa caixa de cartão que está prestes a ser reciclada e transformá-la num palco para dar vida a uma história. Os elementos da família podem ser os atores ou podem até fazer fantoches!
Baile de máscaras
Construir um acampamento ou um forte dentro de casa – usem as mantas, molas de roupa, luzes de natal, desafie-se.
Jogo da arrumação – tente fazer da arrumação da casa um momento de lazer
Dança das cadeiras
Saltar à corda
Vá brincar ;)
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