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Writer's pictureAndreia Martins

Todos nós mentimos.



Reconhece esta situação?

Pessoa 1: "Gostas do meu novo corte de cabelo? Eu estou a adorar!"

Pessoa 2: (expressão facial de dúvida) “Hum... Sim, estás linda! (pensamentos simultâneos sobre não ter a certeza de gostar e sensação de, no fundo, odiar o corte de cabelo).


Isto é um exemplo do que costumamos chamar de “mentira branca” ou inofensiva. A partir de uma rápida pesquisa online parece que, em média, uma pessoa conta entre uma a duas mentiras por dia (com outros estudos a apontar para uma média de quatro). A maioria destas é inofensiva e pode, na realidade, ser muito útil para manter dinâmicas sociais que são importantes para a vida em comunidade.


A mentira é um comportamento comum nos seres humanos. Quando alguém diz uma mentira, há muitas vezes uma razão clara para o fazer. A mentira é uma ferramenta que as pessoas utilizam para atingir um objetivo. Porém, existe algo diferente que é a mentira patológica/compulsiva. Os mentirosos patológicos mentem frequentemente e sem qualquer razão. As suas mentiras são extensas e elaboradas. Contam histórias intricadas que soam como sendo demasiado boas para serem verdadeiras. Nestas histórias, retratam-se como os heróis ou as vítimas, procurando admiração ou simpatia. A vontade de mentir é compulsiva (no sentido em que parece sair fora do seu controlo).


Muitas vezes, não conseguem controlar o impulso para inventarem histórias, mesmo quando isso lhes causa danos. Podem perder empregos e arruinar relações por causa da sua mentira. Não mostram qualquer culpa ou remorso sobre as suas mentiras. Quando um mentiroso patológico esquece certos detalhes e se contradiz nas suas histórias, rapidamente inventa explicações elaboradas.


Quando são chamados a denunciar o seu comportamento, os mentirosos patológicos negam tudo, tornando-se defensivos ou hostis.

Normalmente, continuam a mentir depois de terem sido apanhados.

Nota: podemos ficar totalmente fascinados a ouvir um mentiroso patológico - eles tendem a ser excelentes contadores de histórias e “atores”.


A mentira compulsiva não é encontrada como um diagnóstico no manual psiquiátrico mais usado mundialmente, o DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais, 5ª edição), mas tem sido associada à síndrome de Munchausen, uma perturbação mental em que o doente mente sobre estar ferido ou doente.


A mentira compulsiva também pode ser um sintoma de perturbações de personalidade como a perturbação de personalidade narcísica, a perturbação de personalidade antissocial e a perturbação de personalidade borderline, o que pode levar a grandes desafios nas relações interpessoais.


Se uma pessoa mente frequentemente, isso não significa necessariamente que seja um mentiroso patológico. Se as suas mentiras são justificadas (ou seja, se querem encobrir algum erro ou há algo a ganhar com elas), então são mentiras normais. O que faz sobressair as mentiras patológicas é que elas são fáceis de verificar. Por exemplo, um mentiroso patológico pode dizer que ganhou um prémio importante, mas uma verificação rápida dos factos irá expô-lo imediatamente.

Identificar alguém como um mentiroso patológico pode ser difícil, especialmente se não conhecer bem a pessoa. Pode acreditar nela durante algum tempo, mas ela acaba por se revelar com o tempo.


COMO LIDAR?

É difícil. A primeira coisa que deve saber é que não vale a pena tentar confrontar um mentiroso patológico com o seu comportamento. O resultado mais provável é ficar a lidar sozinho com sentimentos de ressentimento, raiva e frustração, enquanto o mentiroso permanece alheio e nunca assumirá qualquer responsabilidade.


Muitas vezes, o comportamento mais protetor é evitar o mentiroso patológico - é perfeitamente compreensível que não se queira manter uma relação em que questione constantemente a veracidade das palavras do outro.

Se não for possível cortar contacto (talvez o “mentiroso” seja um membro da sua família ou um colega de trabalho), deverá aprender a gerir uma relação com ele. Lembre-se que:

  • o facto de lhe estarem a mentir não é pessoal

  • existe uma perturbação de saúde mental subjacente

  • perder a calma e “atacar” o mentiroso não vai ajudar; quando confrontados com a mentira, negam-na e tornam-se defensivos.


Em vez disso, tente ser amável, mas firme. Termine uma conversa quando sentir que é tempo de o fazer (o que poderá desencorajar o rol de mentiras) ou apenas observe o que está a acontecer sem se envolver demasiado.

Criar distância emocional do comportamento do mentiroso patológico impedi-lo-á de acumular raiva e ressentimentos e poderá ajudar a manter um relacionamento que sinta como saudável.

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