A mudança e o crescimento é algo inerente à vida humana. A vida não é estática, mas sim um processo em constante mutação, orientado pela adaptação a variadas condições e estímulos. Como os humanos são seres conscientes de si próprios, temos a capacidade de pensar acerca de quem somos e do que queremos mudar. Estamos conscientes do nosso processo de mudança e, muitas vezes, queremos influenciá-lo. Em seguida, enumeramos alguns passos que o podem ajudar neste processo:
1. Perceber qual a motivação para a mudança
Por vezes queremos mudar porque não aceitamos quem somos, porque existe uma parte de nós que não gostamos e que queremos eliminar. Neste sentido, mudamos porque queremos deixar de ser quem na verdade somos neste momento. Quando a mudança é vivida desta forma ela manifesta um ciclo de auto-criticismo que perpetua sentimentos de rejeição de nós próprios. Esta mudança tende a não resultar já que o pensamento auto-crítico, como “tu não és capaz”, “há algo de errado contigo”, etc., é extremamente desmotivador, podendo originar sentimentos de tristeza e até de depressão.
No entanto, num espaço de aceitação e compaixão por quem somos, a mudança é motivada pela crença de que nós temos o potencial para sermos, de alguma forma, melhores, i.e. de estarmos mais próximos daquilo que são os nossos valores e princípios de vida. Assim, é através do reconhecimento e compreensão de onde estamos neste momento e de para onde queremos ir, que surge a vontade e a motivação de crescermos.
2. Conhecermos e aceitarmos quem somos neste momento
Assim, o próximo passo envolve conhecermo-nos e aceitarmos quem somos, nesta fase da nossa vida. Esta reconexão positiva connosco próprios é possível através da auto-consciência, levando a atenção para as sensações, pensamentos, emoções e motivações que surgem na nossa consciência, observando como estes fenómenos se interligam e influenciam mutuamente.
3. Conhecer quais os valores e princípios que queremos seguir na nossa vida
De seguida, é importante perceber quais os valores pelos quais queremos orientar a nossa vida. Os valores correspondem às áreas de vida que valorizamos (amizade, família, trabalho, etc.) e funcionam como um farol que nos orienta e direciona para o nosso destino. É através deste valores que podemos definir os objectivos a curto e a longo prazo para a nossa vida.
Este passo é, muitas vezes, ignorado. Ocupamos o nosso tempo com os afazeres do dia-a-dia, os problemas que surgem constantemente e que exigem a nossa resposta rápida, que, às tantas, não sabemos aquilo que queremos e valorizamos para a nossa vida. Quem quer ser? Que tipo de pessoa quer ser? Como quer passar o seu tempo? O que a faz genuinamente feliz?
4. Conhecer as barreiras e o que nos limita
Agora que já conhecemos quais os nossos valores, podemos reflectir acerca daquilo que nos afasta e impede de os alcançar. Quais são as barreiras para sermos quem queremos ser? O que nos limita e de que forma podemos derrubar estas barreiras?
Provavelmente, estas barreiras vão mudando ao longo da nossa vida, exigindo um trabalho constante de auto-conhecimento, assim como o pensar fora da caixa, permitindo alcançar soluções para aquilo que nos amarra e nos prende.
5. Compreender que a mudança tem o seu tempo
Durante todo este processo, é fundamental lembramo-nos que toda a mudança leva o seu tempo. Paciência, tolerância e persistência são qualidades importantes para este processo. Tudo tem o seu tempo e existe um ritmo natural que não deve ser negligenciado.
Permita-se estar onde está, neste processo de mudança. Permita-se ainda não ter alcançado o objetivo final. E se sentir dificuldades em fazê-lo, volte ao segundo passo e aceite-se assim como é. Aceite que está a caminho, que a vida é mesmo isso: o caminhar constante para o nosso crescimento. Não somos trabalhos acabados, mas seres imperfeitos, em constante evolução. Aceite a sua própria imperfeição.